10/05/2013

O grande retorno

Foto: Reprodução

O Rugby é um esporte coletivo de intenso contato físico, que carrega a filosofia básica que a sociedade busca para os jovens de hoje e do futuro, onde possibilitam educar, dar valores e formar jovens saudáveis, com mentalidade esportiva. Possui uma imagem de força, técnica, superação de limites, autocontrole, perseverança e o mais importante, trabalho em equipe. O ambiente é harmonioso e amigável, e foi assim que surgiu a tradição que chamamos de “Terceiro Tempo”, que acontece depois de uma partida, os jogadores anfitriões convidam os visitantes para uma confraternização. 
O esporte voltará a ser olímpico na modalidade de Sevens (com sete jogadores de cada lado), mas como Brasil é um país armador e as Olimpíadas ocorrerão no Rio de Janeiro, a secretaria do esporte está trazendo reforços para ajudar nossas seleções com profissionais com muita tradição, treinadores e colaboradores vindos da Nova Zelândia, atualmente a melhor seleção do mundo. Fernando Portugal (Capitão da seleção masculina) e a Júlia Sardá (Capitã da seleção feminina) concebeu uma entrevista para entendermos melhor sobre esse cenário e a situação do nosso país nessa modalidade tanto feminina como masculina, vamos acompanhar o que eles disseram sobre esse esporte que está crescendo cada dia mais no Brasil e no Mundo? 

O que te levou a trabalhar com o Rugby? 
Júlia: Eu comecei a jogar rugby a convite de uma colega da universidade. Fui no primeiro treino, me apaixonei pelo esporte e continuo até hoje. 
Fernando: A minha paixão e vontade de vivenciar cada vez mais os momentos que o rugby me ofereciam, fizeram com que acreditasse que seria possível viver profissionalmente desta modalidade. Além disso, acredito na filosofia do rugby e sei que contribuiu muito para a minha formação como homem e cidadão, então quero que mais pessoas se beneficiem disto.

Como surgiu esse amor pelo esporte? 
Júlia: Me encantei pelo espírito do rugby, pelas pessoas que estão envolvidas nele. Costumo dizer que é o esporte mais coletivo que existe, sozinha você não chega a lugar nenhum no rugby. 
Fernando: Sempre gostei muito de esportes. Pratiquei as mais diversas modalidades, tanto individuais, quanto coletivas. Mas gostava mesmo era de viver o esporte em equipe. Quando comecei a praticar o rugby o ambiente amistoso foi o que mais me chamou a atenção. É diferente desde o primeiro treino. Em outras modalidades existe muita competição, mesmo fora de campo. No rugby existe sim muita competição em campo, principalmente pelo contato físico, mas fora de campo as relações são muito mais amigáveis. Aí fui me apaixonando por esse ambiente, além de gostar muito do jogo propriamente dito e da superação e dedicação que ele exige. 

Qual sua impressão sobre o time Feminino e o Masculino?
Júlia: As duas seleções estão evoluindo bastante. São dois grupos com jogadores apaixonados pela modalidade e que se doam ao máximo para representar da melhor forma o Brasil. As seleções estão crescendo a nível internacional, quanto mais tivermos oportunidades de jogar campeonatos fortes, mais iremos evoluir.

Fernando: Confesso que no início o rugby feminino não me agradava, mas isso mudou bastante. Hoje as vejo com bons olhos e me orgulho do que a seleção feminina fez e está fazendo dentro do cenário do rugby sul-americano e mundial. Sobre a seleção masculina sou muito suspeito pra falar. Vivi tão intensamente cada passo da seleção nos últimos 14 anos, que minha história de vida se confunde com as atividades da seleção. Tenho um orgulho enorme. Não tivemos tantas conquistas expressivas historicamente, mas quebramos alguns tabus e colocamos a seleção em maior evidencia. Acho que evoluiremos muito mais, mas isso demandara ainda muito trabalho, perseverança e principalmente paciência. 
Quais os pontos fortes das equipes? 
Júlia: Acredito que quem pode analisar melhor o time masculino é o Portugal (capitão da equipe), mas sei que eles tem jogadores muito habilidosos e lutam muito dentro de campo. A equipe feminina tem como ponto forte a defesa e a união do grupo. Desterro Rugby Clube - Meu clube é um dos únicos times de ponta do Brasil que não tem uma sede, um campo próprio para treinos e jogos. Mas isso não tira a vontade dos jogadores, somos mais de 70 jogadores (entre adulto masculino e feminino e juvenil) e somos tricampeões brasileiros de XV masculino e o feminino é o atual campeão brasileiro de 7´s. O ponto forte do meu time é a vontade dentro de campo. No feminino o coletivo e a defesa se sobressaem.
Fernando: Cada equipe tem suas fortalezas e debilidades. Podem ser mais velozes e habilidosas e criarem, ou procurarem mais os espaços da defesa adversária, ou ter um jogo mais físico e frontal, enfrentando dentro de uma proposta de um contato físico mais intenso a defesa do adversário. Podem ainda ser mais, ou menos eficientes no jogo parado, que são a partir das formações fixas de lateral e scrum. Enfim, cada equipe, de acordo com as características de seus jogadores, desenvolve suas fortalezas de uma maneira bem específica. Meu clube possui muitos jogadores com alta qualidade técnica. É uma equipe veloz e que aproveita muito bem os erros e falhas da equipe adversária. Os jogadores são comprometidos e a grande maioria se dedica inclusive fora dos treinos de rugby, fazendo academia e mantendo uma alimentação balanceada, o que faz total diferença no desempenho. O clube possui excelente campo de treino e materiais suficiente para uma boa prática, além de uma equipe humana de treinadores, gestores e dirigentes muito completas e profissionalizadas. Trabalha intensamente com as categorias de base e desenvolve um projeto social incrível. O ponto forte do meu time é a velocidade e qualidade técnica e física dos atletas e saber aproveitar as falhas adversárias 

O Rugby foi aprovado para as Olimpíadas de 2016, o que isso representa para você? E o que você acha que isso muda no relacionamento do público com o esporte? 
Júlia: O rugby voltando a olimpíada faz com que o esporte receba mais incentivo e com isso a tendência é crescer cada vez mais no Brasil e no mundo. Eu espero que com relação ao publico, eles conheçam o rugby como um esporte de princípios, e se isso acontecer o relacionamento com o público vai ser o melhor possível.
Fernando: Ainda me lembro do momento em que recebi esta informação. Comecei a chora. A sensação era de que finalmente deixaríamos de ser uma modalidade marginalizada e passaríamos a ter o reconhecimento merecido. Isso mudou completamente o cenário. O único motivo para o brasileiro não gostar de rugby era porque não conhecia. A medida que se conhece, pode-se fazer a escolha de gostar, ou não. E com a inclusão do rugby nos Jogos Olímpicos, justo na edição do Rio de Janeiro, trouxe um maior interesse da mídia especializada, que passaram a mostrar mais a modaldiade e, consequentemente, fez com que o povo brasileiro tivesse mais contato e conhecesse mais o esporte. Agora é uma questão de tempo e de um trabalho sólido e seguro para que o rugby se torne definitivamente uma opção de modalidade entre as crianças e jovens do nosso país. 

O que levou o Rugby de volta para as Olimpíadas? 
Júlia: Para um esporte virar olímpico ele tem que ser praticado em mais de 50 países por homens e mulheres. O rugby é o segundo esporte coletivo mais praticado no mundo e enche estádios em todos os cantos. A modalidade sevens é dinâmica e fácil de entender, com certeza vai fazer sucesso nas olimpíadas.
Fernando: É o segundo esporte coletivo em maior número de praticantes no mundo. A quantidade de paises filiados, que possuem equipes femininas e masculinas preenchem os pré-requisitos do COI e tem todas as características necessárias para ser um esporte olímpico, além de carregar em sua alma os valores pregados pelo universo olímpico dos esportes. 

Qual a sua avaliação sobre a preparação feita para os jogos olímpicos? 
Júlia: O rugby esta crescendo no Brasil, a CBRu esta buscando parceiros e estrutura para proporcionar a melhor preparação possível para as seleções, porém não é de um dia para o outro que se formam atletas olímpicos.
Fernando: Existem falhas, mas estamos no caminho certo. Tem muita gente trabalhando e querendo fazer com que o rugby e o Brasil sejam bem representados nos jogos. Não nos tornaremos no melhor país do mundo nos próximos 3 anos, mas faremos um bom papel. 

O que você poderia dizer sobre a evolução do Rugby brasileiro? 
Júlia: Estão surgindo vários clubes no Brasil e a modalidade esta cada vez mais na mídia, por isso o rugby vem crescendo tão rápido no Brasil nos últimos anos. O importante é que este crescimento tenha uma base, pessoas qualificadas para desenvolver bem a modalidade nos clubes e passar os princípios, o espírito do rugby.
Fernando: O rugby brasileiro está evoluindo muito, mas num momento em que o rugby mundial também evolui a passos largos por conta da profissionalização. Mas estamos num bom caminho, principalmente quando pensamos na estrutura do rugby e no número de praticantes e de entusiastas desta modalidade. O caminho até chegar entre as grandes potências do esporte é longo demais, mas se continuarmos crescendo como fizemos nos últimos anos, um dia chegaremos lá. 

Como você imagina o Rugby no futuro? 
Júlia: Um esporte conhecido no Brasil, com crianças praticando desde cedo e com clubes bem estruturados.
Fernando: Tudo o que tem acontecido superou minhas maiores expectativas de quando comecei a jogar. Então, como o limite já foi quebrado, posso sonhar com o mais alto dos sonhos. Um esporte forte no Brasil, campeonatos nacionais e regionais muito competitivos, transmitidos pela tv e com enrome público presente o jogadores profissionais se dedicando exclusivamente a isto e uma seleção disputando entre as maiores forças do rugby mundial.

Fernando: Tudo o que tem acontecido superou minhas maiores expectativas de quando comecei a jogar. Então, como o limite já foi quebrado, posso sonhar com o mais alto dos sonhos. Um esporte forte no Brasil, campeonatos nacionais e regionais muito competitivos, transmitidos pela tv e com enrome público presente o jogadores profissionais se dedicando exclusivamente a isto e uma seleção disputando entre as maiores forças do rugby mundial.
Para as mulheres que tem interesse em iniciar carreira no esporte, quais as dicas que elas devem seguir? 
Júlia: Procurem um clube com pessoas qualificadas, procurem fazer algum tipo de preparação física e deem uma chance para o esporte, vocês vão se surpreender. 
Você vê um crescimento no número de praticantes do esporte com um incentivo maior vindo do governo? 
Fernando: Não sei se tem relação direta. Quem trabalha pra esse crescimento são os clubes já existentes e os que surgem. Talvez uma contribuição do governo para este aumento no número de praticantes seria colocar na grade escolar da educação física. 

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