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15/05/2013

Pequenas ações que ajudam a mudar o mundo



Foto: Reprodução

O trânsito em São Paulo é sinônimo de estresse, aborrecimentos, xingamentos e muito tempo perdido. Leva muitas pessoas ao adoecimento, violência e descontrole. Mas nem tudo é cinza pelas ruas de São Paulo. Um exemplo de que pode haver luz no fim do túnel é a ONG dos Terapeutas do Trânsito.
Tem como missão levar bom humor às ruas e aos motoristas, usando a menor máscara do mundo: o nariz de palhaço.
Uma ONG sem fins lucrativos vai às ruas levando cartazes com mensagens educativas e bem–humoradas. Com encenações de pequenos espetáculos, o grupo transforma uma das esquinas mais congestionadas de São Paulo em palco de diversão.
Com início em agosto de 2010, o projeto vem ganhando, a cada sinal vermelho, reconhecimento, sorrisos e muitas buzinas dos motoristas. Confira a entrevista abaixo com o Presidente da ONG, Guilherme Brandão e conheça melhor o trabalho deles.

Como surgiu a ideia da ONG? E os integrantes?
A ideia surgiu em um momento depressivo da minha vida, onde fui morar sozinho por causa da faculdade! Só que depois de alguns meses, comecei a sentir solidão e muita depressão. Logo depois comecei a procurar vídeos de autoajuda na internet e me deparei com o filme “Doutores da Alegria” do Wellington Nogueira!
Foi como um despertar... Chorei muito e decidi largar tudo para fazer teatro, curso de clown e entrar para a ONG Doutores da Alegria!
Indo para o curso de teatro, parei no semáforo e um menino começou a fazer malabares na faixa de pedestre. Comecei a reparar nos motoristas e vi que ninguém prestava atenção nele, pois estava cada um em seu mundo! 
Foi quando decidi usar a arte do clown para animar os motoristas!
Os integrantes são voluntários que chegaram até nossa ONG através de nossas ações, então nosso quadro de voluntários tem a seguinte porcentagem: 40% amigos e família e 60% são admiradores do projeto, que um dia viu nossas ações nas ruas, se interessaram e ingressaram na ONG.

Qual a missão da ONG?
Tendo o 6° trânsito mais caótico do mundo, a cidade de São Paulo passa por um caos generalizado nas ruas! Então tentamos humanizar, promover a paz e animar os motoristas em uma selva de rodas onde se mata mais pessoas que arma de fogo.

Quando vocês começaram?
A ideia surgiu em Abril de 2010, mas pisamos na faixa de pedestre pela primeira vez no dia 02 de Agosto de 2010.

Como foi o primeiro dia que vocês colocaram a ideia em ação? Qual foi a reação dos motoristas? E agora, como está?
Nos primeiros dias eles achavam que éramos ambulantes pedindo dinheiro em troca de algo. Então paravam a 5 metros de distância da faixa de pedestre, mas hoje descem dos carros, brincam e se emocionam conosco.

Vocês possuem algum ritual antes de começarem a transmitir alegria?
Sempre que começamos qualquer ação, fazemos uma oração, pedindo permissão ao plano espiritual para o trabalho, nos dando a energia apropriada para cada motorista e no final de cada oração, todos falam uma palavra que represente a emoção que sentem naquele momento. 
Depois que o farol abre é impossível descrever, a emoção é única! Cada farol fechado é um público diferente, reações e emoções diferentes!


Porque escolheram o cruzamento da 
Henrique Schaumann com a Teodoro Sampaio? E porque as segundas e sextas-feiras?
Foi nesse cruzamento onde eu vi o menino fazendo malabares e tive a ideia inicial, então achei que isso tinha sido um sinal... Por isso esse local!
Segunda é o dia mais depressivo da maioria dos brasileiros e sexta é o dia mais feliz, então começamos o tratamento na segunda e terminamos na sexta.

Quantas cenas/números vocês possuem? Podem falar um pouco sobre eles?
Temos mais de 12 esquetes (esquetes são pequenos números artísticos), mas os que são mais admirados são: Bailarina (onde me visto de bailarina russa e saio bailando pela faixa de pedestre, totalmente desengonçado, com colan, saia rosa e os dizeres “O sonho dele era dançar Balé... Qual o seu sonho?”), O do Pão doce (entram as faixas com os dizeres “o sonho acabou? Mas tenha calma, pois ainda temos pão doce”, em seguida entra um palhaço vestido de padeiro e gritando que temos pão doce), o mergulhador (entram as faixas com os dizeres “não jogue lixo nas ruas, se não essa será a roupa do futuro”, em seguida entra um palhaço vestido de mergulhador, com boias de pato, óculos de mergulho e maleta de executivo) e o Abraço Grátis, onde distribuídos abraços grátis nos motoristas!

Por ser um meio sem fins lucrativos, vocês já passaram por algum problema? 
Problemas nós enfrentamos todos os dias, mas a falta de dinheiro para pagar as contas da ONG, de transporte e etc, mas isso não impede que o trabalho prossiga! Quando é feito por amor e sem visar o ganho ou a troca, as coisas acontecem naturalmente e ajuda aparece de onde menos esperamos!

Já aconteceu algum acontecimento engraçado ou inesperável?
Em uma das apresentações do Abraço Grátis, paramos na frente de um carro e perguntamos se a motorista queria o abraço! Ela disse que não, mas algo estava me falando pra insistir nela, então comecei falar com ela pelo vidro. Do nada ela abre o vidro e fala “hoje é meu aniversário e ninguém me deu parabéns”. Foi então que tirei ela do carro e começamos a cantar parabéns. Quando fui ver, todos os voluntários estavam cantando parabéns, os motoristas saíram do carro e começaram a cantar conosco! Ela chorou muito, agradeceu, entrou no carro e foi embora!

E algum acontecimento desagradável? Como vocês lideram com o assunto?
Por enquanto ainda não, graças a Deus... só com o CRP-SP.
Éramos os “Psicólogos do Trânsito”, mas o CRP-SP nos censurou nos mandando um ofício com o prazo de 90 dias para a mudança, alegando que o nome levariam as pessoas ao erro! Então escolhemos dois novos nomes e fizemos uma votação aberta, onde o maior número de votos foi para “Terapeutas do Trânsito”. Mas hoje estamos felizes com a mudança, pois o reconhecimento foi ainda maior e o CNT (Conselho Nacional dos Terapeutas) reconheceu nosso trabalho como terapia e nos deu um certificado!

O que vocês esperam em retorno dos seus públicos?
Não esperamos nada, pois quando cria uma expectativa ou uma troca, a decepção é inevitável em casos negativos. Então fazemos por fazer, acreditando que isso possa ajudar o motorista a chegar em seu destino mais feliz e animado, evitando uma possível briga no trânsito por uma simples seta.

A ONG ficou conhecida, já apareceu na TV algumas vezes, em revistas e jornais. O que representa essas conquistas da ONG hoje para vocês?
Passamos em todos os canais de televisão da rede aberta, capa de jornal, 1ª matéria mais lida da revista Época por um mês, sites internacionais como o China Daily, The Atlantic Cities e etc... Mas nada se compara ao sorriso, lágrimas, agradecimentos e reconhecimento dos motoristas!
Mídia é consequência de um ato que possa dar ibope, mas os motoristas não, eles são o combustível do nosso projeto!

Existem planos para o futuro?
Hoje trabalhamos com a ideia de “o palhaço pode animar, desestressar e humanizar os motoristas, fazendo com que cheguem a seus destinos mais bem humorados, e assim evitando futuras brigas no trânsito”
Nossos objetivos são muitos, mas os mais importantes:
1° Expandir os grupos da nossa ONG para mais cidade e estados
2° Montar o ITT (INTITUTO TERAPEUTAS DO TRÂNSITO), onde iremos atender, gratuitamente, qualquer pessoas que sofreu algum trauma (psicológico ou físico) no trânsito! Ou seja, se ele sofreu um trauma físico, iremos disponibilizar fisioterapeutas para ajuda-lo na recuperação. Se sofrer traumas psicológicos, iremos oferecer atendimento específico para amenizar a situação! Contando sempre com profissionais da área!

Pessoas de outros lugares já procuraram por vocês?Existe a possibilidade de vocês ampliarem para outros lugares?
Ano passado montamos nossa primeira filial fora do estado, em Canos-RS!
Muitos pedem para montar uma filial e levar esse projeto para a sua cidade, mas temos que ir com calma, pois não temos estrutura organizacional para tal feito ainda! Um passo de cada vez, pois se liberarmos podem usar nosso nome indevidamente.

O que vocês acham do trabalho voluntariado?
O trabalho voluntário é muito importante na vida de qualquer pessoa. Costumo dizer nas reuniões de novos membros, que ser voluntário é a âncora na nossa vida, pois serve para nos puxar de volta a terra, colocando os pés no chão e ver que existem pessoas em uma situação muito pior que nós!

Se alguém quiser fazer parte da ONG, o que devem fazer?
Deve ter amor no coração e dedicação nas ações. 
Quem se interessar, pode mandar um e-mail para falecom@terapeutasdotransito.org.br com o assunto “Voluntário”.