15/05/2013

Pequenas ações que ajudam a mudar o mundo



Foto: Reprodução

O trânsito em São Paulo é sinônimo de estresse, aborrecimentos, xingamentos e muito tempo perdido. Leva muitas pessoas ao adoecimento, violência e descontrole. Mas nem tudo é cinza pelas ruas de São Paulo. Um exemplo de que pode haver luz no fim do túnel é a ONG dos Terapeutas do Trânsito.
Tem como missão levar bom humor às ruas e aos motoristas, usando a menor máscara do mundo: o nariz de palhaço.
Uma ONG sem fins lucrativos vai às ruas levando cartazes com mensagens educativas e bem–humoradas. Com encenações de pequenos espetáculos, o grupo transforma uma das esquinas mais congestionadas de São Paulo em palco de diversão.
Com início em agosto de 2010, o projeto vem ganhando, a cada sinal vermelho, reconhecimento, sorrisos e muitas buzinas dos motoristas. Confira a entrevista abaixo com o Presidente da ONG, Guilherme Brandão e conheça melhor o trabalho deles.

Como surgiu a ideia da ONG? E os integrantes?
A ideia surgiu em um momento depressivo da minha vida, onde fui morar sozinho por causa da faculdade! Só que depois de alguns meses, comecei a sentir solidão e muita depressão. Logo depois comecei a procurar vídeos de autoajuda na internet e me deparei com o filme “Doutores da Alegria” do Wellington Nogueira!
Foi como um despertar... Chorei muito e decidi largar tudo para fazer teatro, curso de clown e entrar para a ONG Doutores da Alegria!
Indo para o curso de teatro, parei no semáforo e um menino começou a fazer malabares na faixa de pedestre. Comecei a reparar nos motoristas e vi que ninguém prestava atenção nele, pois estava cada um em seu mundo! 
Foi quando decidi usar a arte do clown para animar os motoristas!
Os integrantes são voluntários que chegaram até nossa ONG através de nossas ações, então nosso quadro de voluntários tem a seguinte porcentagem: 40% amigos e família e 60% são admiradores do projeto, que um dia viu nossas ações nas ruas, se interessaram e ingressaram na ONG.

Qual a missão da ONG?
Tendo o 6° trânsito mais caótico do mundo, a cidade de São Paulo passa por um caos generalizado nas ruas! Então tentamos humanizar, promover a paz e animar os motoristas em uma selva de rodas onde se mata mais pessoas que arma de fogo.

Quando vocês começaram?
A ideia surgiu em Abril de 2010, mas pisamos na faixa de pedestre pela primeira vez no dia 02 de Agosto de 2010.

Como foi o primeiro dia que vocês colocaram a ideia em ação? Qual foi a reação dos motoristas? E agora, como está?
Nos primeiros dias eles achavam que éramos ambulantes pedindo dinheiro em troca de algo. Então paravam a 5 metros de distância da faixa de pedestre, mas hoje descem dos carros, brincam e se emocionam conosco.

Vocês possuem algum ritual antes de começarem a transmitir alegria?
Sempre que começamos qualquer ação, fazemos uma oração, pedindo permissão ao plano espiritual para o trabalho, nos dando a energia apropriada para cada motorista e no final de cada oração, todos falam uma palavra que represente a emoção que sentem naquele momento. 
Depois que o farol abre é impossível descrever, a emoção é única! Cada farol fechado é um público diferente, reações e emoções diferentes!


Porque escolheram o cruzamento da 
Henrique Schaumann com a Teodoro Sampaio? E porque as segundas e sextas-feiras?
Foi nesse cruzamento onde eu vi o menino fazendo malabares e tive a ideia inicial, então achei que isso tinha sido um sinal... Por isso esse local!
Segunda é o dia mais depressivo da maioria dos brasileiros e sexta é o dia mais feliz, então começamos o tratamento na segunda e terminamos na sexta.

Quantas cenas/números vocês possuem? Podem falar um pouco sobre eles?
Temos mais de 12 esquetes (esquetes são pequenos números artísticos), mas os que são mais admirados são: Bailarina (onde me visto de bailarina russa e saio bailando pela faixa de pedestre, totalmente desengonçado, com colan, saia rosa e os dizeres “O sonho dele era dançar Balé... Qual o seu sonho?”), O do Pão doce (entram as faixas com os dizeres “o sonho acabou? Mas tenha calma, pois ainda temos pão doce”, em seguida entra um palhaço vestido de padeiro e gritando que temos pão doce), o mergulhador (entram as faixas com os dizeres “não jogue lixo nas ruas, se não essa será a roupa do futuro”, em seguida entra um palhaço vestido de mergulhador, com boias de pato, óculos de mergulho e maleta de executivo) e o Abraço Grátis, onde distribuídos abraços grátis nos motoristas!

Por ser um meio sem fins lucrativos, vocês já passaram por algum problema? 
Problemas nós enfrentamos todos os dias, mas a falta de dinheiro para pagar as contas da ONG, de transporte e etc, mas isso não impede que o trabalho prossiga! Quando é feito por amor e sem visar o ganho ou a troca, as coisas acontecem naturalmente e ajuda aparece de onde menos esperamos!

Já aconteceu algum acontecimento engraçado ou inesperável?
Em uma das apresentações do Abraço Grátis, paramos na frente de um carro e perguntamos se a motorista queria o abraço! Ela disse que não, mas algo estava me falando pra insistir nela, então comecei falar com ela pelo vidro. Do nada ela abre o vidro e fala “hoje é meu aniversário e ninguém me deu parabéns”. Foi então que tirei ela do carro e começamos a cantar parabéns. Quando fui ver, todos os voluntários estavam cantando parabéns, os motoristas saíram do carro e começaram a cantar conosco! Ela chorou muito, agradeceu, entrou no carro e foi embora!

E algum acontecimento desagradável? Como vocês lideram com o assunto?
Por enquanto ainda não, graças a Deus... só com o CRP-SP.
Éramos os “Psicólogos do Trânsito”, mas o CRP-SP nos censurou nos mandando um ofício com o prazo de 90 dias para a mudança, alegando que o nome levariam as pessoas ao erro! Então escolhemos dois novos nomes e fizemos uma votação aberta, onde o maior número de votos foi para “Terapeutas do Trânsito”. Mas hoje estamos felizes com a mudança, pois o reconhecimento foi ainda maior e o CNT (Conselho Nacional dos Terapeutas) reconheceu nosso trabalho como terapia e nos deu um certificado!

O que vocês esperam em retorno dos seus públicos?
Não esperamos nada, pois quando cria uma expectativa ou uma troca, a decepção é inevitável em casos negativos. Então fazemos por fazer, acreditando que isso possa ajudar o motorista a chegar em seu destino mais feliz e animado, evitando uma possível briga no trânsito por uma simples seta.

A ONG ficou conhecida, já apareceu na TV algumas vezes, em revistas e jornais. O que representa essas conquistas da ONG hoje para vocês?
Passamos em todos os canais de televisão da rede aberta, capa de jornal, 1ª matéria mais lida da revista Época por um mês, sites internacionais como o China Daily, The Atlantic Cities e etc... Mas nada se compara ao sorriso, lágrimas, agradecimentos e reconhecimento dos motoristas!
Mídia é consequência de um ato que possa dar ibope, mas os motoristas não, eles são o combustível do nosso projeto!

Existem planos para o futuro?
Hoje trabalhamos com a ideia de “o palhaço pode animar, desestressar e humanizar os motoristas, fazendo com que cheguem a seus destinos mais bem humorados, e assim evitando futuras brigas no trânsito”
Nossos objetivos são muitos, mas os mais importantes:
1° Expandir os grupos da nossa ONG para mais cidade e estados
2° Montar o ITT (INTITUTO TERAPEUTAS DO TRÂNSITO), onde iremos atender, gratuitamente, qualquer pessoas que sofreu algum trauma (psicológico ou físico) no trânsito! Ou seja, se ele sofreu um trauma físico, iremos disponibilizar fisioterapeutas para ajuda-lo na recuperação. Se sofrer traumas psicológicos, iremos oferecer atendimento específico para amenizar a situação! Contando sempre com profissionais da área!

Pessoas de outros lugares já procuraram por vocês?Existe a possibilidade de vocês ampliarem para outros lugares?
Ano passado montamos nossa primeira filial fora do estado, em Canos-RS!
Muitos pedem para montar uma filial e levar esse projeto para a sua cidade, mas temos que ir com calma, pois não temos estrutura organizacional para tal feito ainda! Um passo de cada vez, pois se liberarmos podem usar nosso nome indevidamente.

O que vocês acham do trabalho voluntariado?
O trabalho voluntário é muito importante na vida de qualquer pessoa. Costumo dizer nas reuniões de novos membros, que ser voluntário é a âncora na nossa vida, pois serve para nos puxar de volta a terra, colocando os pés no chão e ver que existem pessoas em uma situação muito pior que nós!

Se alguém quiser fazer parte da ONG, o que devem fazer?
Deve ter amor no coração e dedicação nas ações. 
Quem se interessar, pode mandar um e-mail para falecom@terapeutasdotransito.org.br com o assunto “Voluntário”.

10/05/2013

O grande retorno

Foto: Reprodução

O Rugby é um esporte coletivo de intenso contato físico, que carrega a filosofia básica que a sociedade busca para os jovens de hoje e do futuro, onde possibilitam educar, dar valores e formar jovens saudáveis, com mentalidade esportiva. Possui uma imagem de força, técnica, superação de limites, autocontrole, perseverança e o mais importante, trabalho em equipe. O ambiente é harmonioso e amigável, e foi assim que surgiu a tradição que chamamos de “Terceiro Tempo”, que acontece depois de uma partida, os jogadores anfitriões convidam os visitantes para uma confraternização. 
O esporte voltará a ser olímpico na modalidade de Sevens (com sete jogadores de cada lado), mas como Brasil é um país armador e as Olimpíadas ocorrerão no Rio de Janeiro, a secretaria do esporte está trazendo reforços para ajudar nossas seleções com profissionais com muita tradição, treinadores e colaboradores vindos da Nova Zelândia, atualmente a melhor seleção do mundo. Fernando Portugal (Capitão da seleção masculina) e a Júlia Sardá (Capitã da seleção feminina) concebeu uma entrevista para entendermos melhor sobre esse cenário e a situação do nosso país nessa modalidade tanto feminina como masculina, vamos acompanhar o que eles disseram sobre esse esporte que está crescendo cada dia mais no Brasil e no Mundo? 

O que te levou a trabalhar com o Rugby? 
Júlia: Eu comecei a jogar rugby a convite de uma colega da universidade. Fui no primeiro treino, me apaixonei pelo esporte e continuo até hoje. 
Fernando: A minha paixão e vontade de vivenciar cada vez mais os momentos que o rugby me ofereciam, fizeram com que acreditasse que seria possível viver profissionalmente desta modalidade. Além disso, acredito na filosofia do rugby e sei que contribuiu muito para a minha formação como homem e cidadão, então quero que mais pessoas se beneficiem disto.

Como surgiu esse amor pelo esporte? 
Júlia: Me encantei pelo espírito do rugby, pelas pessoas que estão envolvidas nele. Costumo dizer que é o esporte mais coletivo que existe, sozinha você não chega a lugar nenhum no rugby. 
Fernando: Sempre gostei muito de esportes. Pratiquei as mais diversas modalidades, tanto individuais, quanto coletivas. Mas gostava mesmo era de viver o esporte em equipe. Quando comecei a praticar o rugby o ambiente amistoso foi o que mais me chamou a atenção. É diferente desde o primeiro treino. Em outras modalidades existe muita competição, mesmo fora de campo. No rugby existe sim muita competição em campo, principalmente pelo contato físico, mas fora de campo as relações são muito mais amigáveis. Aí fui me apaixonando por esse ambiente, além de gostar muito do jogo propriamente dito e da superação e dedicação que ele exige. 

Qual sua impressão sobre o time Feminino e o Masculino?
Júlia: As duas seleções estão evoluindo bastante. São dois grupos com jogadores apaixonados pela modalidade e que se doam ao máximo para representar da melhor forma o Brasil. As seleções estão crescendo a nível internacional, quanto mais tivermos oportunidades de jogar campeonatos fortes, mais iremos evoluir.

Fernando: Confesso que no início o rugby feminino não me agradava, mas isso mudou bastante. Hoje as vejo com bons olhos e me orgulho do que a seleção feminina fez e está fazendo dentro do cenário do rugby sul-americano e mundial. Sobre a seleção masculina sou muito suspeito pra falar. Vivi tão intensamente cada passo da seleção nos últimos 14 anos, que minha história de vida se confunde com as atividades da seleção. Tenho um orgulho enorme. Não tivemos tantas conquistas expressivas historicamente, mas quebramos alguns tabus e colocamos a seleção em maior evidencia. Acho que evoluiremos muito mais, mas isso demandara ainda muito trabalho, perseverança e principalmente paciência. 
Quais os pontos fortes das equipes? 
Júlia: Acredito que quem pode analisar melhor o time masculino é o Portugal (capitão da equipe), mas sei que eles tem jogadores muito habilidosos e lutam muito dentro de campo. A equipe feminina tem como ponto forte a defesa e a união do grupo. Desterro Rugby Clube - Meu clube é um dos únicos times de ponta do Brasil que não tem uma sede, um campo próprio para treinos e jogos. Mas isso não tira a vontade dos jogadores, somos mais de 70 jogadores (entre adulto masculino e feminino e juvenil) e somos tricampeões brasileiros de XV masculino e o feminino é o atual campeão brasileiro de 7´s. O ponto forte do meu time é a vontade dentro de campo. No feminino o coletivo e a defesa se sobressaem.
Fernando: Cada equipe tem suas fortalezas e debilidades. Podem ser mais velozes e habilidosas e criarem, ou procurarem mais os espaços da defesa adversária, ou ter um jogo mais físico e frontal, enfrentando dentro de uma proposta de um contato físico mais intenso a defesa do adversário. Podem ainda ser mais, ou menos eficientes no jogo parado, que são a partir das formações fixas de lateral e scrum. Enfim, cada equipe, de acordo com as características de seus jogadores, desenvolve suas fortalezas de uma maneira bem específica. Meu clube possui muitos jogadores com alta qualidade técnica. É uma equipe veloz e que aproveita muito bem os erros e falhas da equipe adversária. Os jogadores são comprometidos e a grande maioria se dedica inclusive fora dos treinos de rugby, fazendo academia e mantendo uma alimentação balanceada, o que faz total diferença no desempenho. O clube possui excelente campo de treino e materiais suficiente para uma boa prática, além de uma equipe humana de treinadores, gestores e dirigentes muito completas e profissionalizadas. Trabalha intensamente com as categorias de base e desenvolve um projeto social incrível. O ponto forte do meu time é a velocidade e qualidade técnica e física dos atletas e saber aproveitar as falhas adversárias 

O Rugby foi aprovado para as Olimpíadas de 2016, o que isso representa para você? E o que você acha que isso muda no relacionamento do público com o esporte? 
Júlia: O rugby voltando a olimpíada faz com que o esporte receba mais incentivo e com isso a tendência é crescer cada vez mais no Brasil e no mundo. Eu espero que com relação ao publico, eles conheçam o rugby como um esporte de princípios, e se isso acontecer o relacionamento com o público vai ser o melhor possível.
Fernando: Ainda me lembro do momento em que recebi esta informação. Comecei a chora. A sensação era de que finalmente deixaríamos de ser uma modalidade marginalizada e passaríamos a ter o reconhecimento merecido. Isso mudou completamente o cenário. O único motivo para o brasileiro não gostar de rugby era porque não conhecia. A medida que se conhece, pode-se fazer a escolha de gostar, ou não. E com a inclusão do rugby nos Jogos Olímpicos, justo na edição do Rio de Janeiro, trouxe um maior interesse da mídia especializada, que passaram a mostrar mais a modaldiade e, consequentemente, fez com que o povo brasileiro tivesse mais contato e conhecesse mais o esporte. Agora é uma questão de tempo e de um trabalho sólido e seguro para que o rugby se torne definitivamente uma opção de modalidade entre as crianças e jovens do nosso país. 

O que levou o Rugby de volta para as Olimpíadas? 
Júlia: Para um esporte virar olímpico ele tem que ser praticado em mais de 50 países por homens e mulheres. O rugby é o segundo esporte coletivo mais praticado no mundo e enche estádios em todos os cantos. A modalidade sevens é dinâmica e fácil de entender, com certeza vai fazer sucesso nas olimpíadas.
Fernando: É o segundo esporte coletivo em maior número de praticantes no mundo. A quantidade de paises filiados, que possuem equipes femininas e masculinas preenchem os pré-requisitos do COI e tem todas as características necessárias para ser um esporte olímpico, além de carregar em sua alma os valores pregados pelo universo olímpico dos esportes. 

Qual a sua avaliação sobre a preparação feita para os jogos olímpicos? 
Júlia: O rugby esta crescendo no Brasil, a CBRu esta buscando parceiros e estrutura para proporcionar a melhor preparação possível para as seleções, porém não é de um dia para o outro que se formam atletas olímpicos.
Fernando: Existem falhas, mas estamos no caminho certo. Tem muita gente trabalhando e querendo fazer com que o rugby e o Brasil sejam bem representados nos jogos. Não nos tornaremos no melhor país do mundo nos próximos 3 anos, mas faremos um bom papel. 

O que você poderia dizer sobre a evolução do Rugby brasileiro? 
Júlia: Estão surgindo vários clubes no Brasil e a modalidade esta cada vez mais na mídia, por isso o rugby vem crescendo tão rápido no Brasil nos últimos anos. O importante é que este crescimento tenha uma base, pessoas qualificadas para desenvolver bem a modalidade nos clubes e passar os princípios, o espírito do rugby.
Fernando: O rugby brasileiro está evoluindo muito, mas num momento em que o rugby mundial também evolui a passos largos por conta da profissionalização. Mas estamos num bom caminho, principalmente quando pensamos na estrutura do rugby e no número de praticantes e de entusiastas desta modalidade. O caminho até chegar entre as grandes potências do esporte é longo demais, mas se continuarmos crescendo como fizemos nos últimos anos, um dia chegaremos lá. 

Como você imagina o Rugby no futuro? 
Júlia: Um esporte conhecido no Brasil, com crianças praticando desde cedo e com clubes bem estruturados.
Fernando: Tudo o que tem acontecido superou minhas maiores expectativas de quando comecei a jogar. Então, como o limite já foi quebrado, posso sonhar com o mais alto dos sonhos. Um esporte forte no Brasil, campeonatos nacionais e regionais muito competitivos, transmitidos pela tv e com enrome público presente o jogadores profissionais se dedicando exclusivamente a isto e uma seleção disputando entre as maiores forças do rugby mundial.

Fernando: Tudo o que tem acontecido superou minhas maiores expectativas de quando comecei a jogar. Então, como o limite já foi quebrado, posso sonhar com o mais alto dos sonhos. Um esporte forte no Brasil, campeonatos nacionais e regionais muito competitivos, transmitidos pela tv e com enrome público presente o jogadores profissionais se dedicando exclusivamente a isto e uma seleção disputando entre as maiores forças do rugby mundial.
Para as mulheres que tem interesse em iniciar carreira no esporte, quais as dicas que elas devem seguir? 
Júlia: Procurem um clube com pessoas qualificadas, procurem fazer algum tipo de preparação física e deem uma chance para o esporte, vocês vão se surpreender. 
Você vê um crescimento no número de praticantes do esporte com um incentivo maior vindo do governo? 
Fernando: Não sei se tem relação direta. Quem trabalha pra esse crescimento são os clubes já existentes e os que surgem. Talvez uma contribuição do governo para este aumento no número de praticantes seria colocar na grade escolar da educação física. 

01/05/2013

“Saneamento básico não concebe voto, água tratada é luxo”, afirma Jimenez

Eaí, Pessoal? Esse semestre na faculdade estou (com meu grupo, claro) realizando entrevistas com algumas pessoas de editorias especificas, e hoje no Dia do Trabalho trago uma Jornalista Econômica e alguns assuntos debatidos na nossa conversa. Confira abaixo.

Foto:Reprodução

Carla Jimenez graduada em jornalismo pela Faculdade Cásper Líbero em 1991, já trabalhou em veículos de destaque na imprensa brasileira, tais como a Revista Pequenas Empresas e Grandes Negócios, a Revista Veja, e no Estado de São Paulo, atualmente é editora de economia da Revista IstoÉ Dinheiro. Sua carreira iniciou na década de 80, antes mesmo de concluir a faculdade, enquanto cobriu as primeiras eleições do Chile após a ditadura.
Com uma carreira sólida dentro do jornalismo, Carla faz uma análise da evolução da economia do Brasil nas últimas décadas, passando por diversos fatores que influenciaram o crescimento do país.  Ela discorre sobre os pontos determinantes e que mudaram a história do país que deixou de ser um lugar esquecido no mapa e passou a ganhar destaque na economia mundial.
A jornalista é enfática ao apontar os problemas sociais ainda presentes no Brasil e a maneira pela qual, se resolvidos, poderiam colocar o país nas primeiras posições do ranking das principais potências econômicas do mundo.

Quais são os grandes desafios socioeconômicos que o Brasil enfrenta?
Carla- Eu ficava falando para o meu chefe que a gente tinha que dar matéria sobre saneamento básico. Ele falou “o que a gente vai fazer de saneamento básico?”. Saneamento básico é uma área que ninguém investe e tem um mercado gigantesco. Eu vendi a história do saneamento para ele como business, 80% das casas desse país, não têm privada, isso é ridículo, nós moramos em São Paulo e tem um monte de gente que está lotando o hospital público com diarreia, isso é um absurdo, isso é uma vergonha, um  país que se acha metido a besta, não ter água tratada para tanta gente. Eu ficava ali na orelha do meu chefe até ele se convencer. Daí a primeira matéria, depois a gente fez mais uma matéria, agora veio uma terceira. Não são tantos jornalistas que dão bola para saneamento básico. Os políticos não dão bola porque não é um negocio que dá voto, a mídia não dá bola porque não é algo que dá leitura. Começaram parcerias publico/privadas, os empresários estão investindo, eu conversava com as empresas e elas falavam “a gente quer, a gente tem bilhões pra investir”. É um bom negocio, dá mais dinheiro que investir em rodovia ou em porto que é o que está na moda.

Qual o cenário da educação no Brasil?
Carla - O Brasil investe muito mal em educação, esse é um problema que afeta as empresas. Agora elas têm que contratar gente e não têm gente qualificada para contratar. Ainda que pareça um assunto distante, não é. Hoje o meu desafio é mostrar o quanto os empresários têm que cobrar o governo e o congresso pra que haja um desenvolvimento coerente da educação nesse país, porque eles estão sendo apertados, eles não tem quem contratar, não tem mais gente qualificada, um país desse tamanho não tem gente com qualidade mínima, o professor que ganha mal é um problema da empresa também.

Como você avalia os presidentes nas últimas décadas?
Carla- Eu vejo nas eleições e eu fui compreendendo muito também, como eu vivi isso muito intensamente, a redemocratização brasileira. O Collor, depois o Tamar, depois o Fernando Henrique e depois o Lula é uma aula para quem se interessa, eu nunca deixei de ler, de estar ativa, conversando, discutindo sobre isso. Com o Collor perdeu-se a ingenuidade de cara, de achar que ia ter um salvador da pátria, foi um verdadeiro baque, a ponto de até a Globo se juntar a juventude pra tirar o cara, veio o Fernando Henrique, que foi um excelente presidente, do ponto de vista econômico o cara é brilhante, ele fez coisas que tinham que ser feitas, estabelecer limites para o gasto público, ele deu transparência para os gastos do governo, é lei isso. Nenhum governo pode ir lá gastar e não avisar o que está gastando também, ele é um cara que foi necessário. É que chegou um ponto que eu não gostava da posição dele, o PSDB tratava a geração como uma geração perdida, e o Lula veio e disse “não a gente salva os que estão aí”, aí que eu brinco que foi a lei Áurea da economia. Quando ele criou um jeito, um círculo virtuoso que é aumentar o salário, porque vão comprar mais, e a empresa vai investir mais por que o cara tem dinheiro, entende? São dois caras muito importantes.

Nos últimos oito anos, a média de crescimento do PIB, foi o dobro da média dos últimos 25 anos. O Brasil está se fortalecendo de fato no cenário mundial ou é apenas uma fase passageira?
Carla- O Brasil está de fato se fortalecendo no mercado mundial e a gente tem que agradecer todos os dias à existência de dois presidentes nesse país, Fernando Henrique Cardoso e Luís Inácio Lula da Silva. O Fernando Henrique falou assim “pra trabalhar o governo tem que ter transparência das contas públicas, todo mundo tem que saber quanto o governo está gastando, governador não pode gastar mais do que tem” isso existia aqui e é um absurdo, o prefeito gastava os tubos e deixava a conta para o próximo, um dreno do dinheiro público. Para pagar a conta o que o próximo fazia? Emitia dinheiro, igual ao homem que copiava, ele ia lá e criava só que não tinha um lastro para aquilo. Sim de fato, se o PIB cresceu mais esses oito anos, o Fernando Henrique deu a base para que isso acontecesse. Hoje temos uma poupança que se chama Reserva Internacional, na época do Fernando Henrique ainda era pouquinha, mas ele criou uma dinâmica para que fosse aumentando essa poupança e foi o que o Lula de maneira inteligente fez, manteve e hoje nós temos reservas que nos garantem uma estabilidade. A reserva internacional é uma das coisas que dão a nota para o Brasil como país, por agências de classificação de risco. Só essa questão da reserva já nos tornou muito mais confiáveis. Antigamente o risco país brasileiro era muito grande. Agora não, o nosso risco é pequeno, é fruto desses dois caras, de uma política de estabilidade, o Fernando Henrique foi o único que conseguiu depois de séculos conseguiu controlar a inflação.
  
Quais foram os principais erros dos governos FHC e Lula?
Carla- Do Fernando Henrique pra mim ficou muito claro, ele inclusive reconheceu em uma entrevista que deu para a Época esses dias, ele não tinha feito cálculo de quanto o investimento social era importante. Não me surpreende porque eles sempre falavam de maneira arrogante, “geração perdida”, eu odiava essa frase, foi o principal erro e ele sabe disso. Eu acho que ele errou apoiado pela sociedade de não se abrir mais para o mercado, de não fechar acordos comerciais, esse tipo de coisa que era importante, isso faria com que a gente fosse muito mais competitivo hoje nas nossas empresas.
E do Lula, os erros que eu vejo dele, é não ter sido mais sério com as coisas da corrupção e com a educação. Outro dia eu entrei em um debate no facebook sobre isso e disse que os dois foram necessários, chefes de estados excelentes, mas os dois foram péssimos com a educação. Esse foi um erro imperdoável! Fizeram essas palhaçadas de ENEM, aquelas baixarias de receita de miojo, isso é uma coisa que me revolta e olha que a Dilma está investido bastante em educação, mas eu acho aquele ministro dela um lixo, eu detesto o Mercadante, acho ele um cara que está focado em eleição e não em fazer direito as coisas que ele tem que fazer.

E isso aconteceu justamente na educação que seria a base para o progresso...
Carla- A Coréia do Sul quando quis ser um país grande estabeleceu uma revolução dizendo o seguinte “profissional mais bem pago da rede coreana será o professor”, aqui hoje a babá está ganhando mais que o professor, isso é sacanagem! Uma professora tomou uma cadeirada quando apagaram as luzes, o que é isso? Isso é deprimente!

Falando um pouco desses eventos que nós vamos receber, como a Copa do Mundo e Olimpíadas. Você acha será importante para a economia?
Carla– Vai ser importante por duas coisas, se for mal vai ser excelente, porque no fundo nós ficamos aqui reclamando e ficamos desesperados de passar vergonha nessas horas. O Lula é um cara que vai morrer e todas as gerações vão estudar sobre esse cara, porque a partir do momento que ele batalhou por isso, sabe o que aconteceu? A infraestrutura que nunca andou nesse país foi obrigada a andar, porque já comprometeu lá fora, se não existissem esses dois eventos, uma série de coisas no Brasil não teria andado como: privatização de aeroporto que era um tabu no Brasil, concessão e privatização de rodovias, portos e etc. Isso só está acontecendo porque temos um compromisso internacional para cumprir. O Brasil está se debatendo com suas próprias falhas, os próprios comodismos. O Brasil está sendo obrigado a falar da cultura da excelência, tem que ser um país aberto, porque tira da zona de conforto e em termos capitais está atraindo capital, as concessões andaram.

Você acha que se o Brasil tivesse menos corrupção estaríamos mais perto de ser a quarta economia do mundo?
Carla- Uma vez eu conversei com um consultor especializando em BRICS (China, Índia Rússia e Brasil), ele visitou todos os países e perguntei “a china tem tradição milenar, a índia tem isso, a Rússia tem aquilo, e a gente é tão novinho que tradição a gente tem?” Ele me respondeu “Carla você quer mais que os índios nos deixaram? A preservação no meio ambiente, isso não tem preço em lugar nenhum”. É o único país capaz de alimentar o mundo que não para de crescer. Somos sete bilhões e a expectativa é que em 20 anos sejam mais dois bilhões de pessoas. Temos o básico da humanidade que é o alimento!  Como é que você vai se alimentar de Ipad, de máquinas industriais? A gente tem COMIDA!

A Vale foi privatizada e se fala sobre a reestatização da Vale. Você acha que seria bom?
Carla- Não, acho que não, e se você me perguntasse sobre a Petrobras ser privatizada, eu acho que não também, acho que as duas coisas devem conviver, a Petrobras estatal e a Vale privatizada. As duas são super fiscalizadas e são super eficientes, então elas tem que existir sim, todos os países podem ter sua empresa de petróleo estatal por que a gente não poderia ter? A Vale, deixa ela ser privada,qual é o problema? As duas podem conviver muito bem. Não acho que ela deve ser estatizada de jeito nenhum, ela é extremamente eficiente. Tem erro de gestão? Tem, até porque caiu o faturamento de minério no mundo, mais é muito bom que elas existam, para poder existir esse debate, a Petrobras vai ter que provar para sociedade que ela é publica e eficiente ao mesmo tempo. Se tudo privatizado é ruim, tudo estatal também é ruim.

O Bolsa Família é um programa eficiente?
Carla- O Valor fez uma matéria, e isso você pode achar também para argumentar, mostrando o número de famílias que saíram do Bolsa Família. Claro que tem gente que é sem vergonha, que é preguiçoso em qualquer comunidade. Em qualquer lugar, em qualquer profissão, isso não é exclusividade dos pobres que precisam do Bolsa Família. Existem famílias que vão saindo, porque os caras não tinham uma perspectiva de vida, de repente os caras começaram a comer, ter dinheirinho para ter um batom. A Marie Claire fez uma matéria sobre o Bolsa Família e o papel para as mulheres, a volta da autoestima. É lindo, é lindo. Tudo que sai de Bolsa Família eu vou lendo. As pessoas depois que já passam essa fase de “puxa comi”, se refestela. Com o mínimo de quem nunca teve acesso, o que acontece? Quer mais, essa é a natureza humana. O Bolsa Família virou em comunidades que não tinha nada, o mais esperto montou um ‘negocinho’ para vender. Precisou contratar alguém e esse alguém saiu do Bolsa Família. E isso foi acontecendo. Por isso eu falo que o Lula é genial nessa parte, o cara nasceu na miséria, ele sabe.